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Luxação Glenoumeral, Causas, Sintomas e Tratamento

O que é luxação glenoumeral?

A luxação glenoumeral é o tipo de luxação mais comum no corpo humano. É causa frequente da visita de pacientes aos serviços de urgência ortopédica, geralmente após um trauma e pode assustar quando o paciente é visto após a luxação.

Ela envolve a articulação do ombro e ocorre, na maioria dos casos, quando há traumatismos. Por isso, é sempre importante a análise de um profissional.

Ou seja, durante a prática de algum esporte, por exemplo, o paciente sofre um impacto mais severo no braço ou ombro e a articulação sofre luxação.

Por definição, a luxação glenoumeral é a perda da relação articular entre o úmero e a escápula, necessitando de atendimento imediato e geralmente trazendo bastante dor ao paciente.

Epidemiologia

Essa é uma lesão com grande predominância do sexo masculino e em população abaixo de 20 anos de idade, em média.

Geralmente, a maioria dos casos está associada à prática de algum esporte, seja esportes de lutas, futebol ou ciclismo, por exemplo, resultando em trauma.

Já em relação ao tipo de luxação, 85% dos casos são de luxação anterior traumática. Os demais casos (posterior ou superior) representam poucos e raros casos.

Além disso, pode haver fraturas associadas, sobretudo dependendo de quão treinado é o paciente no momento do trauma.

Como é composta a articulação do ombro?

Para melhor entender como ocorre a luxação glenoumeral, é importante saber as partes anatômicas que compõe a articulação do ombro.

O ombro é composto por três ossos em conexão na articulação: clavícula, escápula e úmero.

Além disso, há quatro superfícies articulares, harmônicas, que são: esternoclavicular, acromioclavicular, glenoumeral e escapulotorácica.

Em relação à articulação glenoumeral, essa é considerada a articulação com mais mobilidade do corpo humano, visto que consegue fazer diversos movimentos: flexão, extensão, abdução, adução, rotação e circundação.

Ainda como parte da articulação, há ligamentos e o grupo muscular que compõe o manguito rotador. De fato, esse grupo muscular compõe a estabilização primária da articulação do ombro.

A cavidade glenoide é uma cavidade articular com pouca profundidade, localizada em uma das extremidades da escápula e que permite a movimentação ampla.

Há também outras estruturas anatômicas importantes, a saber:

Fossa glenoide

Local onde se adapta a cabeça do úmero.

Lábio glenoidal

Anel fibrocartilaginoso que circunda a cavidade glenoide.

Cápsula sinovial articular

Envolve toda a articulação e também é responsável pela produção do líquido sinovial, que mantém a hidratação da própria cápsula.

Tipos de luxação

1 – Anterior

É o tipo de luxação mais comum e pode ser subclassificada em:

  • Subcoracóide;
  • Subglenoide;
  • Subclavicular;
  • Intratorácico.
  1. 2 – Posterior

Mais rara, geralmente associada a outros tipos de traumas, como choques elétricos e epiléticos.

  1. 3 – Interior

Bastante rara.

1.4 – Luxação glenoumeral bilateral

Esse é o tipo mais raro de luxação, pois afeta ambos os ombros. Sua causa está ligada a convulsões violentas ou choques elétricos, sendo mais rara sua ocorrência em função de trauma esportivo, por exemplo.

Assim, para ocorrer uma luxação glenoumeral bilateral, é necessário que as forças tenham incidência simultânea e de maneira simétrica.

Em relação ao subtipo, quando ocorre luxação bilateral, a luxação posterior é a mais comum.

Nesse caso específico, antes de qualquer tentativa de redução, é necessária a radiografia em ambos os planos: anteroposterior e axilar, preferencialmente.

Sintomas

Luxação glenoumeral anterior

Quando ocorre a luxação glenoumeral, o paciente, além de apresentar dor, apresenta-se com limitação de movimento e espasmos musculares.

Um dos sintomas clássicos é denominado sinal da dragona, no qual o braço apresenta-se em abdução e rotacionado externamente. Há uma depressão abaixo do acrômio, local onde deveria estar presente a cabeça do úmero.

É importante verificar se não houve grande dano vascular na região, observando a presença de hematomas e cianose na região.

Luxação glenoumeral posterior

Esse tipo mais raro de luxação não apresenta um sinal clássico como a luxação anterior. Geralmente, observa-se a assimetria entre os braços e os ombros. Porém, essas assimetrias podem ser melhores observadas quando se avalia o paciente olhando suas costas e os ombros, pela região posterior.

A limitação de movimento também está presente nesse tipo de luxação.

Diagnóstico

Para o diagnóstico, é importante avaliar o paciente como um todo, sobretudo se o acidente foi bastante traumático, para verificar a ausência de outras lesões associadas, principalmente fraturas.

Inicialmente, pode se solicitar radiografias de ombro, para verificar a articulação, bem como o membro superior afetado.

Porém, outros exames de imagem podem ser solicitados, sobretudo se suspeita de lesões associadas. Por exemplo, caso haja a suspeita de lesão no manguito rotador, a ressonância magnética é o exame de imagem de escolha.

Já no caso de fraturas, também pode-se optar pela tomografia computadorizada.

Tratamento de luxação glenoumeral

A redução deve ser o tratamento de escolha para luxações anteriores e deve ser realizada o quanto antes. É essencial realizar a avaliação neurovascular antes e após a redução.

Para essa avaliação, é necessária a avaliação dos pulsos distais, artéria axilar, sensibilidade tátil na região lateral do braço e função dos nervos do plexo braquial.

Geralmente, quando um paciente busca um serviço ortopédico de emergência, pois sofreu luxação glenoumeral, o paciente receberá medicações analgésicas. Além disso, também serão prescritos medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios, para que o paciente tome em casa.

Devemos sempre ressaltar que o paciente nunca deve fazer uso de medicações por conta própria. Existem medicamentos indicados para traumas ortopédicos e que são prescritos pelo médico ortopedista. Não se automedique.

No pronto atendimento ortopédico, o objetivo será a avaliação do paciente e a realização da redução, o quanto antes.

Assim, o objetivo é reduzir o tempo de compressão à cabeça do úmero. Existem várias técnicas de redução que podem ser utilizadas, conforme descritas a seguir.

Técnicas de redução

  • Técnica de Davos;
  • Rotação lateral;
  • Técnica RCS;
  • Manipulação escapular;
  • Técnica de Stimson;
  • Tração e contratração.

É importante que o paciente seja cooperativo para a técnica de redução. Portanto, muitas vezes, se opta por analgesia e sedação, para que o movimento possa ser feito com maior facilidade.

No caso de luxações anteriores, as técnicas de redução preferidas são as que usam tração axial e rotação lateral. Movimentos que exigem mais força (como as técnicas de Stimson e de tração/contratração) podem exigir sedação e analgesia para os procedimentos.

Também é importante verificar que a lesão neurovascular pode ter sido causada pela luxação ou pela redução, daí a importância do movimento ser feito de maneira correta, com redução suave e gradual.

Já em luxações posteriores, a técnica de redução de escolha é a de tração/contratração. O ideal é consultar um médico ortopedista antes de realizar uma redução, sobretudo em luxações posteriores.

Para luxações bilaterais, o tratamento constitui em imobilização em rotação interna e adução, durante o período de dor, que corresponde a três a quatro semanas.

Em seguida, deve ser realizada a mobilização ativa, com movimentos pendulares, progressivos, sempre dentro do limite de tolerância do paciente, com fisioterapia.

Por último, caso a dor seja persistente ou o paciente apresente sinais de instabilidade articular, devem ser investigadas outras causas e lesões associadas.

Quando se deve consultar um médico ortopedista antes de realizar a redução

Em alguns casos, a avaliação do médico ortopedista é essencial, antes de realizar a redução. Embora a redução possa parecer simples para algumas pessoas, em alguns casos, é essencial buscar atendimento especializado para que essa redução seja feita por um profissional médico.

Essas são as situações em que a avaliação prévia é mandatória, antes da redução.

• Fraturas do úmero,
• Luxação aberta (com exposição da articulação);
• Quando o paciente é uma criança;
• Quando a luxação ocorreu há mais tempo, de 7 a 10 dias, por exemplo;
• Pacientes idosos;
• Suspeita de lesões complexas.

Após a redução, o ombro é imobilizado por alguns dias. Durante esse período, pode-se aplicar gelo diariamente no local para evitar o edema e seguir com a medicação prescrita pelo médico.

Assim que liberado para mobilização, deve-se iniciar a fisioterapia, para que o ombro possa readquirir a amplitude de movimento adequada e a movimentação que tinha antes.

A importância da prevenção da luxação e da fisioterapia

A fisioterapia é forte aliada para pacientes que sofreram luxação e precisam recuperar o movimento do braço e ter amplitude de movimento.

Mesmo após procedimentos de redução, sejam estes feitos em ambiente cirúrgico ou sem anestesia, o paciente pode apresentar contração muscular e dificuldade de movimentação. Assim, é importante o acompanhamento fisioterápico desse paciente.

Prevenção

A melhor forma de se evitar uma lesão é preveni-la. Assim, a prevenção da luxação glenoumeral passa por cuidados durante a prática de esporte, bem como exercícios de fortalecimento da musculatura local.

Além disso, a utilização de proteção, em esportes como bicicross, por exemplo, pode ajudar na diminuição da gravidade do impacto, caso haja quedas.

De fato, a luxação do ombro pode ser prevenida evitando impactos graves. Mas, em caso de atletas, amadores ou profissionais, o treino proprioceptivo e de fortalecimento deve fazer parte da rotina de treinos.

Assim, o atleta consegue que sua musculatura esteja fortalecida e preparada para sofrer impactos.

E em caso de pacientes que já sofreram luxações no ombro, é essencial evitar novos traumas na região, evitando movimentos e posições que aumentem o risco de novas luxações.

Fisioterapia

A fisioterapia é parte integrante da recuperação de um paciente que já sofreu luxação. O plano de tratamento de um paciente é sempre individualizado, respeitando os limites do paciente.

Mas, alguns exercícios são importantes para a recuperação do paciente, visando melhorar sua flexibilidade, bem como sua amplitude de movimento.

Veja alguns exemplos de exercícios que podem fazer parte do plano de tratamento fisioterápico de um paciente que sofreu luxação glenoumeral.

Exercícios de fisioterapia após luxação de ombro

1 – Movimento pendular

É importante que esse movimento seja feito com cautela, podendo ser feito sem halter ou com halter, dependendo da fase de tratamento do paciente.

Para isso, o paciente deve apoiar o braço hígido em uma cadeira e posicionar-se para trás. Então, faça movimentos pendulares com o braço afetado.

​ 2 – Elevação de bastão

Posicionado (a) em pé, segure um bastão na altura da cintura, com as mãos segurando firme e posicionadas em linha reta com os ombros.

Então, eleve o bastão até a cabeça e retorne o bastão à posição original. Faça o movimento devagar, sem forçar e não ultrapasse os limites.

​ 3 – Elevação lateral de bastão

Segure o bastão em suas extremidades. Eleve o bastão para o lado e retorne ao centro. Faça o mesmo movimento para o outro lado. Lembre-se que mesmo tenha sido afetado somente um ombro, é importante fazer os exercícios para ambos os lados, utilizando ambos os membros.

​ 4 – Exercícios com elástico

Faixas elásticas são ótimos acessórios para exercícios fisioterápicos de fortalecimento. Assim, prendendo um dos lados da faixa elástica, você pode segurar a outra ponta e puxa o elástico para você, com o cotovelo alinhado a 90º.
Mantenha a posição por alguns segundos e retorne à posição original.

​ 5 – Elevação de peso

Deitado de costas ou em pé, você poderá elevar pouco peso, acima da cabeça, usando halteres. O objetivo é fortalecer e exercitar a musculatura, portanto, não se deve exagerar no peso a ser levantado.

É também essencial que todos os exercícios sejam acompanhados por um profissional.

Conclusão

A luxação glenoumeral representa um dos quadros mais frequentes em serviços de urgência ortopédica.
Geralmente, o tratamento baseia-se na redução, mas há casos em que a avaliação prévia do paciente, pelo médico ortopedista, deve ser feita antes da tentativa de redução, sobretudo quando se lida com casos complexos, idosos ou crianças.

A fisioterapia é essencial na recuperação da mobilidade desses pacientes, que devem ser acompanhados desde o momento em que o trauma na região do ombro acontece.

Inicialmente, é feita a redução e o ombro deve ser imobilizado. Após um determinado período, é realizada a mobilização articular e iniciam-se os exercícios de fisioterapia, no intuito de recuperar a mobilidade anterior.

Exercícios específicos para o ombro devem ser acompanhados por um profissional, sempre respeitando os limites do paciente. E assim, o paciente conseguirá, após algumas semanas, retornar às suas atividades regulares.

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