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Lesões Ortopédicas Mais Frequentes em Corredores

Lesões Ortopédicas Mais Frequentes em Corredores

A corrida de rua é um esporte que cresceu exponencialmente nas últimas décadas no Brasil e no mundo. E com ela, as lesões ortopédicas mais frequentes também.

Afinal, a corrida é um esporte de impacto e que geralmente impõe desgaste às articulações do joelho, quadril e tornozelo. Além disso, as lesões musculares também acontecem, englobando principalmente a musculatura da coxa, glúteos e panturrilha.

Portanto, vamos falar as principais lesões ortopédicas mais frequentes em corredores: quais são, como surgem, sintomas e como é seu tratamento, bem como preveni-las. Confira!

​Quais são as lesões ortopédicas mais frequentes em corredores?

Vamos ver quais são as principais lesões ortopédicas que acometem os corredores.

1 – Canelite

Sem dúvida, a canelite, cujo nome oficial é tensão tibial medial ou periostite medial da tíbia é a lesão ortopédica mais comum em corredores.

Ela é bastante comum em quem já corre há algum tempo e está na transição para provas de maior volume, como quem sai do treinamento para 10 k e está no treinamento para meia-maratona.

Ou então em quem vem do treinamento da meia-maratona e está evoluindo no treinamento para maratona.

De fato, esse tipo de lesão aparece repentinamente e é caracterizada por uma dor bastante aguda na região da canela, resultado da inflamação na região da tíbia ou dos tendões dos músculos que se inserem nessa região do osso da perna.

Assim, quando a canelite surge, o treino tem que ser interrompido imediatamente, pois muitas vezes até encostar o pé no chão torna-se uma atividade bastante difícil.

Causas da canelite

Existem diversas razões pelas quais a canelite pode aparecer em um corredor.

Dentre as principais causas, podemos citar excesso de treinos, terrenos irregulares, calçados inapropriados, pisada errada, falta de mobilidade e falta de fortalecimento da musculatura da perna, por exemplo.

Além disso, existem também fatores genéticos e dores causadas por inflamações no local não associadas necessariamente aos treinos, como é o caso de infecções locais, fraturas ou tumores na região.

A pisada pronada é considerada um fator de risco para o desenvolvimento da canelite, visto que com esse tipo de pisada, há maior concentração de carga na região da tíbia, o que pode levar ao desenvolvimento da lesão.

​Diagnóstico e tratamento

Geralmente, o diagnóstico da lesão de canelite é feito pelo médico ortopedista, quando o paciente o procura em função da dor.

Assim, o diagnóstico é feito através de um exame clínico, bem como através de exames de imagem, como radiografias, por exemplo, que ajudam no diagnóstico diferencial de fraturas.

Para o tratamento, quando o paciente se apresenta com dor aguda na região, a primeira recomendação é suspender por completo a atividade física. Então, o médico ortopedista prescreverá fisioterapia e em alguns casos medicamentos.

A fisioterapia é de suma importância pois visa liberar as tensões musculares, reduzir a inflamação local e preparar a articulação e musculatura para o retorno ao esporte.

Mas, a carga de treinamentos deve ser diminuída e sempre acompanhado de vários exercícios de fortalecimento e mobilidade.

2 – Fascite plantar

Fáscia plantar é um tecido fibroso que reveste os músculos e ossos do pé. No entanto, quando muito tensionado, dá origem à lesão denominada fascite plantar.

Nessa lesão, a dor aparece geralmente após longos períodos em repouso, sendo bastante comum o corredor reclamar de dor na sola do pé e no calcanhar, logo ao acordar.

Nesses casos, o corredor tem grandes dificuldades de colocar o pé no chão, ao levantar da cama.
Com o passar do dia, a dor tende a diminuir, mas retorna após um período em repouso.

Assim, esse tipo de lesão costuma afetar bastante corredores que têm o hábito de correr logo pela manhã, cedo.

Causas da fascite plantar

A principal causa de fascite plantar é a sobrecarga na região. Inclusive, a fascite plantar é uma lesão ortopédica comum em indivíduos que não praticam corrida, mas estão acima do peso, por exemplo.

Obesidade pode levar à concentração de peso e carga na região da fáscia, o que leva à sua inflamação.

Porém, no caso específico dos corredores, a fascite plantar pode ocorrer devido ao estresse excessivo na região, sendo também bastante comum em corredores que estão na transição para correrem distâncias maiores, conforme já explicado anteriormente.

Assim, o excesso de treinos e aumento da intensidade de treinos, quando não acompanhados por um programa de fortalecimento muscular apropriado, pode levar o corredor a lesões ortopédicas.

Diagnóstico e tratamento

O diagnóstico da fascite plantar é eminentemente clínico. São raras as vezes que o médico ortopedista solicita algum exame de imagem e quando o faz é apenas para eliminar algum outro diagnóstico diferencial.
De fato, os sintomas clínicos da fascite plantar são bastante característicos e direcionam o médico para o diagnóstico correto.

Um movimento bastante comum e que encontra-se muito prejudicado em quem tem fascite plantar é a dorsiflexão, que é o movimento dos dedos do pé em direção à canela.

Quando se tem fascite plantar, a dorsiflexão fica extremamente prejudicada, o que também auxilia o médico ortopedista no diagnóstico.

A princípio, medicações analgésicas e anti-inflamatórias podem ajudar na redução do quadro de dor. Quando a dor é minimizada, a caminhada ajuda a relaxar a fáscia, bem como outras atividades físicas como natação e hidroginástica as quais não impõe impacto na região.

Em conjunto, a fisioterapia deve entrar com um plano de fortalecimento e alongamento da região, sempre procurando observar o movimento biomecânico do indivíduo, para que a lesão não retorne.

3 – Tendinites

As tendinites são bastante frequentes nos corredores. Dentre as mais comuns, podemos citar a tendinite patelar e as tendinopatias tanto do pé quanto do tornozelo.

Os tendões são estruturas fibrosas que fazem a ligação de diversas estruturas no corpo. Como a corrida é um esporte de grande impacto nas articulações, sobretudo no joelho, tornozelo e quadril, as tendinites e tendinopatias são lesões bastante comuns na prática dessa atividade física.

Os principais sintomas das tendinites são a dor aguda e localizada, além da dificuldade de continuar a movimentação.

No caso da tendinite patelar, a dor se apresentará logo abaixo do joelho, local onde se insere o tendão patelar. Essa dor piora ao subir escadas ou tentar cruzar as pernas.

Mais uma vez, as principais causas estão associadas ao excesso de carga na região, aumento do ritmo e intensidade do treinamento.

Além disso, a falta de fortalecimento da musculatura tanto da coxa quando do quadril direciona excesso de carga para a região do joelho.

Diagnóstico e tratamento

O médico ortopedista pode solicitar exames de imagem, sobretudo no caso de tendinite patelar, para observar as estruturas internas do joelho e verificar se há outros desgastes e lesões.

O joelho também pode se apresentar mais inchado e até vermelho em alguns casos mais extremos de tendinite patelar, portanto, é sempre bom buscar diagnóstico médico correto se surgirem sintomas.

Inicialmente, caso o joelho apresente-se inchado, a colocação de gelo pode ser indicada. A redução da atividade física é indicada, sobretudo nos casos de dor aguda.

Com a administração de medicações anti-inflamatórias e analgésicas específicas, a tendência é que a dor melhore e o paciente consiga retornar, aos poucos aos treinos.

Porém, focar em melhor fortalecimento da região é essencial, visto que a sobrecarga mecânica no joelho, no caso da tendinite patelar, é uma das principais causas. Assim, é importante que a carga seja corretamente distribuída pela musculatura, para não sobrecarregar o joelho.

Busque um fisioterapeuta para lhe auxiliar nesse trabalho tão importante de fortalecimento.

4 – Fratura por estresse

A fratura por estresse atinge principalmente corredores e dançarinos. Ela inicia-se com microfraturas na região óssea, causadas pela sobrecarga cíclica na região.

No caso específico de corredores, a fratura de estresse mais comum é a que ocorre no calcâneo, que é o osso mais volumoso do pé. Mas, isso não quer dizer que outros ossos não estão sujeitos à fratura por estresse.

A tíbia, por exemplo, é um osso que também pode sofrer fratura por estresse em corredores, ocupando o segundo lugar, após o calcâneo nesse tipo de fratura.

O uso de calçados de corrida inapropriados, sem o devido amortecimento ideal, bem como a biomecânica inadequada da corrida tendem a levar a esse tipo de lesão, sobretudo em praticantes de grandes volumes de corrida e que ignoram sinais iniciais.

De fato, muitos corredores treinam com dores e não procuram diagnóstico adequado da causa da dor. O velho mantra “no pain, no gain”, no caso da corrida, não é verdadeiro, pois a dor é o sinal do organismo que algo não está bom.

Dessa forma, muitos corredores, ao terem dores persistentes, preferem não buscar diagnóstico médico adequado e continuam treinando, favorecendo a evolução de lesões.

Inclusive, a fratura por estresse não acontece de um dia para outro: ela vai aos poucos sendo causada por microfraturas que vão se estabelecendo e aos poucos se espalhando pela região afetada.

Diagnóstico e tratamento

Para o diagnóstico, além dos sintomas clínicos, os exames de imagem são muito importantes. Afinal, graças a esses exames, com alta definição, é possível verificar a presença de pequenas trincas ou fraturas ósseas.

Com o diagnóstico feito, o tratamento inclui a fisioterapia, com utilização de laser e ultrassom, bem como medidas analgésicas, como o TENS.

É também importante não realizar atividade física de impacto, até ter a liberação para o retorno desse tipo de atividade. Até lá, atividades físicas que não gerem impacto na região são bem-vindas.

É o caso do chamado deep running, que é a corrida na água, muito indicada para atletas em recuperação após cirurgias ou traumas ósseos.

No caso da fratura por estresse do calcâneo, geralmente opta-se pelo chamado robofoot, ou bota imobilizadora, que permite que haja a consolidação da fratura, impedindo a movimentação da região fratura. Dessa forma, o paciente pode manter sua autonomia, andar um pouco, sem ficar parado e dependente, enquanto não há consolidação da fratura.

Outras atividades são importantes, o fortalecimento, mas sempre com muito cuidado e sem forçar a articulação do pé, por exemplo, no caso da fratura por estresse do calcâneo.

Assim, pode-se realizar o retorno gradual à corrida, mas de forma lenta e bem controlada.

5 – Síndrome da banda iliotibial

A síndrome da banda iliotibial é popularmente conhecida como joelho de corredor, justamente por afetar bastante os praticantes da atividade.

Ela é caracterizada por uma dor aguda na lateral do joelho, o que impede o corredor de continuar seus treinos. Embora a dor seja na lateral do joelho, a estrutura afetada não é o joelho, mas sim a inserção do feixe fibroso da lateral da coxa, conhecida como banda iliotibial.

Essa banda tem inserção na lateral do joelho e na região lateral do quadril. Pela falta de fortalecimento adequado da região do quadril, muitas vezes, há sobrecarga nesse feixe, o que faz com que sua inserção seja exigida em demasia, levando à inflamação.

O diagnóstico é clínico, mas o médico ortopedista pode solicitar alguns exames de imagem do joelho para eliminar outras causas de dor.

Por último, o tratamento baseia-se na redução dos treinos, recursos analgésicos, liberação das tensões musculares e fortalecimento da região, com um plano fisioterápico.

6 – Lesões musculares

Outros problemas bastante comuns que afetam os corredores são as lesões musculares, sobretudo do músculo posterior da coxa e a síndrome do piriforme.

Você já deve ter visto em algum jogo de futebol um atacante que resolve acelerar e para repentinamente com a mão na parte de trás da coxa? Os músculos posteriores da coxa, chamados de isquiotibiais, se inserem no quadril e são responsáveis pelo movimento de flexão.

Já o músculo piriforme é um músculo da região glútea. Quando há pouco fortalecimento da musculatura do quadril e glúteos, esse músculo pode ficar contraído e ser exigido demasiadamente, levando a dor aguda na região posterior do quadril.

Essa dor pode, inclusive, ser confundida com dor do nervo ciático.

O tratamento é variável de acordo com o grau da lesão. Mas a fisioterapia sempre estará presente, tanto no trabalho de cicatrização muscular e analgesia, quanto no preaparo para o retorno ao esporte com exercícios específicos.

Prevenção

A prevenção das lesões ortopédicas mais frequentes em corredores passa por bom fortalecimento muscular, treinos com intensidade e frequências corretas, calçados apropriados, boa biomecânica da corrida e não levar seu corpo ao extremo.

Além disso, o tratamento correto das lesões, assim que elas surgem, evitam a complicação dos casos e futuros problemas.


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