O ombro é uma complexa articulação do corpo humano. Assim, problemas no ombro, que levam a desconforto e dor podem ter variadas causas. E uma dessas causas é a tendinopatia do infraespinhal.
Vamos falar mais sobre a tendinopatia do infraespinhal, suas principais características, como é feito o diagnóstico e as opções de tratamento para essa condição. Além disso, vamos descrever algumas ações importantes para quem deseja prevenir lesões nos tendões.
Esse tipo de lesão no ombro pode ocorrer com indivíduos que fazem movimentos repetitivos com o braço, usando de maneira frequente a articulação do ombro. Por isso, esportistas podem ser grupos de maior risco a desenvolverem tendinopatias no ombro. Porém, não é uma lesão limitada a quem pratica esportes.
O que quer dizer tendinopatia do infraespinhal?
Tendinopatia é um termo utilizado para descrever lesões nos tendões. No caso do ombro, a tendinopatia do infraespinhal costuma aparecer mais no braço dominante, ou seja, no ombro direito para quem é destro e no ombro esquerdo, de quem é canhoto (a).
Porém, pode acontecer em ambos os lados, embora sejam mais raros os casos bilaterais.
Para entendermos melhor porque a tendinopatia do infraespinhal, vamos entender mais sobre a anatomia do ombro.
Anatomia do ombro
O ombro é a articulação formada pela cabeça do osso do úmero, que fica no braço, a escápula e a clavícula. Unindo esses três ossos, há músculos e ligamentos. Uma das estruturas mais importantes é chamada de manguito rotador.
Assim, o manguito rotador tem como função principal estabilizar o ombro e auxiliar no movimento do braço. Ele é formado por quatro tendões: supraespinhal, infraespinhal, subescapular e redondo menor.
Dentre esses tendões, o que mais comumente sofre com lesões de tendinopatia é o tendão supraespinhal. Mas, não significa que o tendão infraespinhal também não possa sofrer com lesões, que resultarão em dor no ombro, ou dificuldade de movimentação do braço.
De fato, os sintomas e as causas da tendinopatia do infraespinhal são bastante semelhantes à tendinopatia do supraespinhal. Os sintomas são semelhantes e muitas vezes, é necessário um exame de imagem para poder identificar com maior precisão qual é o tendão do ombro que está afetado.
Sintomas da tendinopatia do infraespinhal
Os principais sintomas de tendinopatia do infraespinhal são:
- Dor ao tentar movimentar o braço em qualquer direção, mas principalmente em movimentos de rotação ou elevação acima da linha do ombro;
- Dor localizada na região do ombro;
- Menor amplitude de movimento;
- Dificuldade em executar movimentos, os quais antes eram executados com facilidade, como por exemplo, colocar o braço para trás.
Causas
As causas de qualquer tendinopatia são variadas. Mas, em geral, incluem a anatomia com maior curvatura óssea e execução constante de movimentos repetitivos.
Por isso, indivíduos que exercem movimentação repetitiva utilizando a articulação do ombro tem maior probabilidade de desenvolver tendinopatia. Por isso, esportistas como jogadores (jogadoras) de voleibol, tenistas, jogadores (jogadoras) de handebol são grupos de pacientes com maior risco de desenvolver tendinopatias no ombro.
A falta de fortalecimento muscular adequado também contribui para o surgimento de tendinopatias no ombro. Se a musculatura do ombro fica encurtada, ou seja, sem conseguir ser alongada de maneira adequada e fraca, a tendência é a força recebida ser “desviada” para os tendões, que não são estruturas adequadas para receber tal força. E assim, os tendões acabam se inflamando.
Geralmente, o uso constante da articulação, somada à falta de fortalecimento muscular, pode gerar concentração de forças na região dos tendões. E assim, esse quadro leva à inflamação dos tendões, resultando na tendinopatia.
Tendinopatia calcária
Outro tipo de tendinopatia que pode acometer o tendão infraespinhal é a tendinopatia calcária. Nesse tipo de tendinopatia, o organismo deposita cálcio no tendão.
Quando ocorre esse depósito de cálcio no tendão infraespinhal, o paciente não sente dor. E esse depósito pode ocorrer por um longo tempo, meses e até anos. Com o passar do tempo, o próprio organismo detecta que esses depósitos de cálcio no tendão não são ideais e gera uma inflamação, na tentativa de eliminar os depósitos de cálcio.
Nesse momento, quando ocorre a inflamação, o paciente sente dor. Existem condições que aumentam o risco de pacientes desenvolverem tendinopatia calcária, que incluem terem diabetes ou serem do sexo feminino e terem mais de 30 anos de idade.
Não se sabe ao certo porque pacientes do sexo feminino ou com diabetes apresentam maior tendência a tendinite calcária. Mas, em geral, a tendinite calcária aparece com maior frequência nessas populações.
Diagnóstico de tendinopatia do infraespinhal
Para o diagnóstico de qualquer tendinopatia no ombro, é fundamental consultar um profissional especializado nessa articulação. Portanto, o profissional indicado para estabelecer o diagnóstico de tendinopatia do infraespinhal é o médico ortopedista.
Esse profissional, de fato, realizará uma série de exames físicos e de imagem, para estabelecer o diagnóstico de tendinopatia do infraespinhal.
Inicialmente, o paciente procura o profissional médico ortopedista quando está com dor. A dor costuma trazer bastante incômoda, além de limitar o movimento.
Testes feitos no próprio consultório, como o teste de Jobe, por exemplo, auxiliam o médico ortopedista a diagnosticar o tipo de tendinopatia que o paciente apresenta. No caso do teste de Jobe, o médico faz uma resistência, enquanto o paciente tenta levantar o braço, mantendo o dedo polegar para baixo. Quando o paciente não consegue executar esse movimento, reclamando de dor, fica bem característica a presenta de tendinopatia do supraespinhal, auxiliando no diagnóstico diferencial.
Exames de imagem são bastante importantes para auxiliar na confirmação do diagnóstico. No caso da tendinite calcária do infraespinhal, o exame de radiografia é bastante claro na identificação da patologia.
Nesse tipo de lesão, o tendão aparece de coloração “branca”, evidenciado pelos depósitos de cálcio. Quando não há depósito de cálcio nos tendões, o tendão aparece de coloração escura na radiografia.
Em alguns casos, quando há dúvidas sobre o tipo e o grau de lesão existente, especialmente quando já se iniciou um tratamento e não se obteve sucesso, outros exames de imagem podem ser solicitados, como é o caso da ressonância magnética.
Tratamento
Após o diagnóstico de lesão no tendão infraespinhal, é essencial que o paciente inicie o tratamento. A primeira parte do tratamento inclui a prescrição de medicações analgésicas e anti-inflamatórias adequadas, para reduzir a dor sentida pelo paciente e também a inflamação no tendão.
Porém, o tratamento não deve se limitar somente à prescrição de medicamentos, visto que embora a dor apresente redução com o tratamento medicamentoso, o paciente voltará a sentir incômodo no ombro e a dor retornará, caso o tratamento não seja feito por completo.
Dessa forma, o tratamento inclui exercícios de fisioterapia para redução da inflamação do tendão e também fortalecimento das estruturas musculares envolvidas na articulação do ombro.
Muitos pacientes acabam não aderindo ao tratamento fisioterápico quando a dor da tendinopatia diminui, o que contribui para o ressurgimento da dor em algum tempo.
Portanto, o tratamento conservador de toda tendinopatia no ombro inclui prescrição e fisioterapia. Porém, nos casos mais avançados, em que há ruptura do tendão, a cirurgia é indicada.
No caso da tendinopatia calcária, o tratamento conservador também é indicado, com prescrição medicamentosa de analgésicos e anti-inflamatórios, além de tratamento fisioterápico para o ombro.
Cirurgia
A cirurgia torna-se uma opção de tratamento quando há ruptura das fibras do tendão, seja o infraespinhal seja o supraespinhal.
Em geral, a cirurgia é o recurso indicado somente quando há ruptura do tendão. Nesse tipo de cirurgia, o cirurgião ortopédico conseguirá reconstruir o tendão. Após a cirurgia, o paciente passará por tratamento fisioterápico, até conseguir retomar a movimentação do ombro.
Como evitar tendinopatia do infraespinhal?
Evitar uma lesão nos tendões depende de uma série de fatores. Conforme já explicamos, esportistas ou pessoas que fazem movimentos repetitivos com os braços, usando de forma repetitiva o ombro, têm maior risco de desenvolverem lesões de tendinopatia.
Porém, algumas ações podem ajudar a reduzir os riscos de desenvolver esse tipo de lesões nos tendões do ombro.
Diminuição da movimentação? Nem sempre…
Muitas pessoas acreditam que quando há uma lesão no tendão, o ideal é imobilizar o braço e não movimentar mais até a dor diminuir ou passar. Mas, no caso da tendinopatia do infraespinhal, essa ação não é indicada.
O ideal é diminuir a carga e frequência da movimentação, no caso de esportistas, por exemplo, mas executando movimentos específicos para fortalecimento.
Isso também vale para tendinopatia calcária: a movimentação é essencial! Inclusive, pacientes que têm tendinopatia calcária e não movimentam o ombro podem correr o risco de desenvolver uma condição chamada “ombro congelado”.
Nesse quadro, a movimentação do ombro fica impossível (daí o nome do quadro) e o paciente terá mais dificuldade para conseguir retornar a mobilidade à articulação do ombro.
Por isso, buscar o diagnóstico da lesão e o tratamento adequado é muito importante.
No caso da tendinopatia calcária, também não se imobiliza o ombro, com o tratamento conservador baseando-se em medicação apropriada e tratamento fisioterápico indicado.
Fortalecimento muscular adequado
O fortalecimento muscular é essencial para quem deseja minimizar o risco de lesões nos tendões. Mas, aqui vale o alerta: fortalecimento envolve exercícios específicos e carga adequada.
Algo que também acontece são lesões nos tendões em praticantes de musculação. Isso porque nem sempre quem pratica musculação executa o movimento de maneira adequada ou usa a carga ideal para cada exercício.
Dessa forma, quando se fala em fortalecimento muscular adequado, lembre-se de consultar sempre um profissional, para que o movimento seja executado de maneira correta.
Fisioterapia
Engana-se quem acredita que a fisioterapia é somente corretiva. Ou seja, somente procurar a fisioterapia quando a dor já está instalada. Esse é, de fato, um conceito muito errado.
Os profissionais da fisioterapia são profissionais que indicam os exercícios ideais para fortalecimento muscular, em caso de lesão, mas também para prevenção de lesão.
Por isso, atletas de alto nível sempre têm fisioterapeutas esportivos como parte de sua equipe, para que lesões sejam prevenidas e não somente para atuar quando a dor e a lesão já estão instaladas.
Pilates
A prática de Pilates é uma ótima opção para quem deseja prevenir lesões em articulações. Isso porque no Pilates, diversos exercícios são realizados, de maneira ideal, com baixo impacto, e que auxilia no fortalecimento muscular e mobilidade.
Além disso, exercícios de Pilates são sempre supervisionados por fisioterapeutas, o que significa que a execução do exercício será feita de maneira adequada.
Com a utilização de molas, diversos exercícios de Pilates usa o peso do próprio corpo, o que permite que o exercício foque nas articulações, sem causar danos por excesso de peso, o que na musculação com halteres ou pesos, isso nem sempre é possível.
Não ignorar a dor
Muitas pessoas convivem com dores no ombro há anos e não procuram diagnóstico correto, ficando apenas na utilização de analgésicos e anti-inflamatórios. Essa também não é uma ação indicada: não se deve ignorar a dor e nem usar analgésicos e anti-inflamatórios de
O problema de não ter o diagnóstico correto e não aderir a um tratamento completo é que as dores por tendinopatia não desaparecem por completo e tendem a exigir doses mais altas de medicamentos.
Fora isso, o uso de analgésicos e anti-inflamatórios não foca na causa da tendinopatia, mas somente em seus sintomas.
Portanto, quando você sentir dor no ombro, com limitação de movimento, que não desaparece em 3 dias, procure atendimento especializado, para um diagnóstico correto e tratamento adequado.