Quando se fala em tendinite, o conceito que imediatamente vem à cabeça é a inflamação do tendão. Mas, o termo mais comumente utilizado na comunidade científica é tendinopatia, o qual engloba todos os problemas relacionados aos tendões e não só a inflamação.
Nesse artigo, vamos falar das tendinopatias mais comuns no ombro, que são as tendinopatias supraespinhal e infraespinhal, razões bastante comuns para dores no ombro.
Tendinopatia supraespinhal
O que é tendinite supraespinhal?
A tendinite supraespinhal é a inflamação do tendão do músculo supraespinhal, localizado na região do ombro. É também chamada se síndrome do impacto do ombro, visto que seus sintomas são bem comuns em pessoas que fazem movimentos repetidos com os ombros.
No ombro, o músculo supraespinhal fica na região superior e é um dos quatro músculos que envolve o manguito rotador, estrutura muito importante para a movimentação do braço.
O tendão do músculo supraespinhal, quando comprimido, leva a dores no ombro, sobretudo em um grupo específico de pacientes, que fazem movimentos de rotação e elevação do braço de maneira mais constante.
Grupos de risco
Os grupos que tem mais risco de desenvolverem a tendinopatia supraespinhal são atletas, sobretudo de vôlei e natação, bem como trabalhadores que constantemente necessitam elevar os braços para executar sua atividade laboral.
Nesse caso, encontram-se trabalhadores de serviços de limpeza, por exemplo ou pintores de parede.
Esses grupos de pacientes têm alto risco de desenvolver o problema, que traz desconforto e dor.
Sintomas
Os principais sintomas da tendinite supraespinhal são:
- Dor na região do ombro;
- Dor para movimentar o braço, sobretudo em movimentos de elevação;
- Limitação de movimento;
- Dificuldades para executar atividades, as quais antes não havia tal dificuldade, que incluem colocar o braço para trás (ao vestir uma blusa, por exemplo).
Causas
As causas da tendinopatia supraespinhal estão diretamente relacionadas à curvatura do acrômio. Nessa região, o osso acrômio possui uma curvatura determinada. Porém, quando essa curvatura é muito acentuada, pode existir a formação de esporões ósseos.
Com o tempo e a constante atividade de atrito entre as estruturas óssea e o tendão, a tendinite surge.
Porém, outras causas também podem ser responsáveis pelo aparecimento do quadro de tendinopatia supraespinhal. Dentre elas, a falta de fortalecimento muscular da região do ombro e seu uso constante.
Assim, com uma musculatura enfraquecida, aliada à alta demanda, as forças na região ficam concentradas no tendão.
O tendão é uma estrutura fibrosa, pouco elástica que, quando recebe uma força desproporcional ou é acionado de maneira intensa de forma constante, tem a chance de inflamação bastante aumentada.
Assim, regiões com alta demanda de movimento, como ombro e joelho, por exemplo, são as regiões mais propícias a terem tendões inflamados, devido à alta demanda e falta de fortalecimento muscular da região.
Outros fatores como artrose da articulação também pode levar à redução do espaço subacromial, resultando na tendinopatia.
Por fim, qualquer pessoa que executa movimentos de elevação do braço acima da altura do ombro de forma constante pode estar sujeita à inflamação do tendão supraespinhal e com isso, desenvolvimento da doença.
Diagnóstico
O diagnóstico correto da lesão é essencial para que o tratamento seja instituído, quanto antes. De fato, quanto mais o paciente demorar em buscar diagnóstico e tratamentos adequado, maior o risco da complicação da lesão.
Assim, o médico ortopedista analisará o paciente, fazendo a simulação de movimentos com o braço afetado, para verificar a amplitude de movimento do ombro. Conforme a dificuldade de movimentação, fica mais clara a suspeita de tendinite supraespinhal.
No caso da tendinite do supraespinhal, existe um teste denominado teste de Jobe, bastante característico, no qual reproduz o movimento que causa a dor característica desse tipo de lesão.
Nesse teste, o médico fará uma resistência e o paciente tentará levantar o braço, com o dedo polegar para baixo. Ao ter dificuldades em realizar esse movimento ou apresentar dor, fica bastante característica a presença da tendinite do supraespinhal.
Mas, o médico poderá solicitar exames de imagem para confirmar a suspeita diagnóstica. Exames como ressonância magnética podem ser solicitados, para verificar o grau de dano ao tendão e se há ruptura do tendão supraespinhal.
Tratamento
O tratamento é baseado no diagnóstico e no grau de lesão ao tendão. Assim, em casos em que o tendão apresenta-se apenas inflamado, mas sem ruptura, o tratamento conservador é sempre a melhor escolha.
Com isso, o médico prescreverá analgésicos e anti-inflamatórios adequados, para minimizar o quadro de dor sentido pelo (a) paciente.
E com a medicação, é essencial que o paciente faça sessões de fisioterapia. Nessas sessões, ações analgésicas como a aplicação de gelo, bem como de eletroestimulação transcutânea (TENS) auxiliam o paciente a sair do quadro agudo de dor.
Além disso, o fisioterapeuta também fará um plano de tratamento individualizado, com exercícios focados na correção do desequilíbrio e fortalecimento da musculatura, tanto do ombro, como também das costas.
Tendinopatia supraespinhal tem que operar?
A cirurgia é sempre a última opção para casos de tendões com problemas e apresenta-se como uma alternativa para casos em que há ruptura do tendão.
A ruptura do tendão supraespinhal pode ocorrer em função de trauma ou então por uma lesão que não foi tratada adequadamente e evoluiu negativamente para a ruptura.
Nesses casos, existem diferentes técnicas cirúrgicas, podendo a cirurgia ser realizada em campo aberto ou por artroscopia.
Além disso, o profissional pode optar por suturar o tendão, de diferentes formas, conforme o quadro clínico apresentado e a experiência prévia do cirurgião.
Após a cirurgia, o paciente ficará com tipoia por algumas semanas. Esse tempo varia de acordo com a cirurgia feita e com o reparo feito no tendão.
É importante citar que o paciente, após a cirurgia, também deve se dedicar à fisioterapia, para iniciar a movimentação do ombro operado.
O que acontece se não operar o tendão supraespinhal com ruptura?
Muitas pessoas têm receio de operações, sobretudo quando envolve tendões. Mas, quando ocorre a ruptura do tendão supraespinhal, a cirurgia é a melhor opção. Isso porque, caso a cirurgia não seja feita, a tendência é o caso piorar, tornando-se mais difícil operar depois.
Quanto maior a ruptura do tendão, mais difícil é a cirurgia e pior é o prognóstico de reparação.
Além disso, a dor tende a piorar, tornando-se difícil até dormir.
O que fazer para evitar a tendinite no ombro?
Embora bastante comum, poucas pessoas adotam um plano de prevenção para tendinite da região do ombro. Geralmente, só lembram de procurar ajuda quando a tendinite já está instalada.
Mas, é possível prevenir o problema, com a adoção de algumas medidas simples.
- Faça alongamentos diários dos braços e da musculatura dos ombros;
- Opte por exercícios de fortalecimento da musculatura dos ombros e das costas, preferencialmente orientados por um profissional da fisioterapia, sobretudo se você faz parte dos grupos de risco;
- Ao menor sinal de dor no ombro, procure um profissional da área médica para avaliar o caso e não se automedique;
- Caso tenha recebido o diagnóstico de tendinopatia, faça o tratamento recomendado, para que a lesão não evolua.
Tendinite do infraespinhal
O tendão infraespinhal faz parte dos quatro tendões que compõe o manguito rotador: supraespinhal, infraespinhal, subescapular e redondo menor.
Esses tendões são essenciais para a estabilidade da articulação do ombro e auxiliam na movimentação do braço.
Assim, as causas, diagnóstico e tratamento da tendinopatia do infraespinhal são semelhantes às da tendinite supraespinhal.
A importância da fisioterapia para tendinite supraespinhal e infraespinhal
A fisioterapia é forte aliada no tratamento das tendinites, sejam elas no joelho, quadril ou ombro.
As tendinites e tendinopatias na região do ombro podem levar à limitação do movimento e quando não tratadas, podem evoluir para dores agudas graves, inclusive na hora de dormir.
Com isso, o paciente não consegue movimentar o braço direito e ainda não consegue ter alívio da dor na hora do sono.
Por isso, sempre que uma dor em uma articulação surgir e não desparecer em poucos dias, é hora de buscar diagnóstico adequado do problema e investir em sessões de fisioterapia.
Geralmente, a tendinite do supraespinhal e do infraespinhal surgem no braço de uso dominante. Ou seja, afeta mais o braço direito, por terem mais pessoas destras do que canhotas. Mas, pode afetar o braço esquerdo, bem como ser bilateral (nos dois braços).
Técnicas de fisioterapia para tendinite supraespinhal e infraespinhal
Após o diagnóstico correto, o paciente deve se encaminhar para a clínica de fisioterapia para o início do tratamento fisioterápico.
Assim, o profissional de fisioterapia avaliará o quadro e estabelecerá um plano de tratamento, conforme o quadro clínico presente.
Algumas técnicas de fisioterapia podem ser utilizadas para casos envolvendo tendinite dessas estruturas do ombro.
Alívio da dor
Quando o paciente surge com muita dor, o profissional pode optar pela aplicação de TENS, laser e ultrassom, que ajudam a diminuir a inflamação local.
O alívio da dor é essencial para que o paciente consiga participar das sessões de fisioterapia e também diminuir a carga de medicamentos que toma para controle da dor.
Embora muitas pessoas acreditem que somente a medicação analgésica e anti-inflamatória resolva, um quadro de tendinite só terá melhora completa quando a fisioterapia age. Caso contrário, a quantidade de medicação sempre será maior, até chegar um ponto que ela deixa de fazer efeito.
Evitar a retração da cápsula articular
Quanto maior a dor no ombro, maior a tendência do paciente em não movimentar o braço afetado. Mas, isso não fará a dor diminuir e contribuirá para um enfraquecimento ainda maior da musculatura do ombro.
Uma vez que a articulação não é movimentada, pode haver retração da cápsula articular, o que deixará o quadro clínico mais complexo. Assim, uma das funções da fisioterapia é evitar que isso possa acontecer.
Para isso, o profissional pode optar pela mobilização, que são movimentos orientados, no intuito de movimentar e estimular alguns músculos de forma específica.
Corrigir movimentos incorretos
Outra tendência de pacientes com tendinite é sempre executar os movimentos de maneira desequilibrada, com o objetivo de minimizar a dor.
Isso, de fato, pode levar à sobrecarga de outras estruturas ou até mesmo, fazer com que quadros de tendinite no outro braço surjam.
Auxiliar na recuperação do tendão
Quando o tendão encontra-se inflamado, uma série de medidas auxiliam na sua recuperação. Dentre elas, a ação de medicação anti-inflamatória e também ações e técnicas de fisioterapia, as quais promovem diminuição da inflamação local.
Dessa forma, o organismo pode reagir na reparação dos tecidos, sem que a inflamação leve a mais dor para o paciente.
Em pacientes que se submeteram à cirurgia devido à ruptura do tendão, a fisioterapia age de maneira centrada na recuperação, justamente para que o paciente possa, aos poucos, voltar a movimentar o braço.
Por isso, as sessões de fisioterapia no caso de pacientes operados para corrigir tendões rompidos são essenciais para que em algum tempo aquele paciente possa voltar a ter uma vida normal, com retorno do movimento que tinha antes da ruptura do tendão.
E com isso, deve-se sempre deixar claro que para pacientes muito resistentes às sessões de fisioterapia, que acreditam que a cirurgia é o caminho ideal, para não ter que passar pela fisioterapia, ela também é essencial no pós-cirúrgico.
Fortalecimento muscular
Por último, como parte de um plano de fisioterapia completo, o fortalecimento muscular ajuda a melhorar o quadro, bem como a não haver retorno da dor.
Obviamente, é sempre ideal estar atento ao retorno de dor, sobretudo em pacientes que já tiveram alta, retornaram à sua atividade, mas retornam com queixas de dor ao consultório.
Para esses pacientes, um programa específico de fortalecimento muscular é essencial, visto que somente o alívio dos sintomas não é suficiente para que o próprio organismo evite o reaparecimento do problema.
Conclusão
As tendinites supraespinhal e infraespinhal necessitam de diagnóstico adequado e tratamento, para não evoluírem para casos mais complexos, com ruptura dos tendões e cirurgia.
Com o diagnóstico correto, medicações e sessões de fisioterapia, o paciente conseguirá não sentir mais dor e ter uma vida normal, embora deve sempre permanecer atento para casos de retorno de dor.