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Fisioterapia Na Fratura De Colo De Fêmur

O fêmur é um dos ossos mais importantes no organismo, sendo também o mais longo.

Ele está localizado na coxa e faz a ligação entre o quadril (bacia) e o joelho, inter-relacionando ativamente com essas duas estruturas.

Ele é formado por uma parte superior, que encaixa na bacia, denominada “cabeça do fêmur” e uma parte inferior, que interage com o joelho.

Por ser um osso longo que participa ativamente do movimento de caminhar, denominado marcha, o fêmur quando sofre fratura, apresenta como ponto mais frágil (e portanto, o ponto mais sujeito à fratura) a estrutura denominada colo de fêmur.

Sendo um tipo de patologia infelizmente comum a alguns grupos populacionais, sobretudo idosos, a fratura de colo de fêmur merece atenção especial, tanto por parte de médicos quanto de fisioterapeutas.

Mas você sabe como a fisioterapia pode ajudar na reabilitação de um paciente que sofreu fratura de colo do fêmur?

Quais são os exercícios mais indicados e como é o tratamento? É o que vamos ver, confira!

Fratura Do Colo Femoral

A fratura do colo do fêmur também é chamada de fratura do colo femoral, sendo mais comum em idosos e atingindo mulheres 3x mais do que os homens.

Com o envelhecimento da população no mundo todo, estima-se que até o ano de 2050 já tenham acontecido cerca de 6 milhões de fraturas do colo do fêmur.

Principais Causas De Fratura Do Colo do Fêmur

Quando se trata da população idosa, mais frequentemente afetada pela fratura do colo do fêmur, as causas são relacionadas ao processo de envelhecimento, sobretudo a osteoporose, que também afeta mais as mulheres.

Com menor produção de hormônios, os ossos se tornam mais frágeis, o que facilita fraturas.

Além disso, idoso também podem apresentar maior risco de queda, em virtude a outros fatores como efeitos colaterais de medicações, dificuldades de visão, menor agilidade, ou seja, fatores que acabam afetando seu equilíbrio.

Em adultos jovens, as fraturas de colo de fêmur são mais raras e geralmente são decorrentes de outras doenças, mas sobretudo acidentes de trânsito, por exemplo.

Anatomia Do Fêmur

O fêmur, conforme já dito, é o osso mais longo do corpo humano, tendo ligações com estruturas do quadril e do joelho.

Em sua região próxima ao quadril (chamada de região proximal), o fêmur apresenta a estrutura denominada cabeça femoral, que é a estrutura que interage com a bacia, também chamado de osso pélvico.

Nessa região, a cabeça femoral fica encaixada na estrutura conhecida como acetábulo da pelve.

A cabeça do fêmur está localizada dentro da cápsula articular e é coberta por uma membrana sinovial.

Descendo da bacia para a coxa, encontramos na sequência, o colo femoral e a região trocantérica.

Existem diversas pequenas artérias que passam nessa região e promovem o suprimento sanguíneo para a cabeça do fêmur. Quando há fratura do colo do fêmur, essas artérias podem se romper e causar a morte da cabeça do fêmur.

Na parte de baixo do fêmur, também chamada de porção distal o fêmur interage com a patela, o osso localizado no interior do joelho e também com a parte proximal da tíbia.

Em relação ao joelho, a inter-relação se deve com os côndilos lateral e medial do fêmur e com o plato tibial (denominada articulação tibiofemoral). Já em relação à face patelar, há relação com a face posterior da patela, formando a articulação patelofemoral.

O colo do fêmur

Falando especificamente da estrutura denominada colo do fêmur, essa é uma estrutura com cerca de 5 cm de comprimento, que pode ser subdividida em três regiões, descritas a seguir:

– A parte mais próxima do trocanter maior, também chamada de base do colo do fêmur ou porção basicervical;

– Seguimento médio, também chamado de porção médio-cervical, sendo a parte mais estreita;

– Porção súpero-medial, também chamada de porção subcapital.

– As fraturas do colo do fêmur também são chamadas de fraturas intracapsulares. Já as fraturas trocantéricas de extracapsulares.

Prevenção De Fraturas Do Colo Do Fêmur

Idosos são o grupo mais susceptível a esse tipo de fratura. Mas algumas medidas podem ajudar a reduzir a probabilidade que essas fraturas ocorram:

– Alimentação saudável, rica em cálcio e com suplementação, quando necessário, para prevenção e correção da osteoporose;

– Suplementação de vitamina D e exposição frequente ao sol;

– Fortalecimento muscular e vida ativa;

– Preparação do lar para idosos, sem tapetes, degraus e com barras de apoio, quando necessário, sobretudo no banheiro;

– Tratamento correto das demais doenças, como diminuição da visão e outras doenças metabólicas e crônicas, comuns aos idosos.

Sintomas E Sinais De Fratura Do Colo Do Fêmur

Quando ocorre a fratura do colo do fêmur em uma pessoa, se essa pessoa for idosa, um dos três quadros descritos a seguir podem ter ocorrido:

– Queda direto sobre o quadril;

– Pé fixo e torção da perna;

– Fratura por estresse, sem queda.

Em pacientes mais jovens, a fratura do colo do fêmur ocorre em virtude de acidentes de trânsito, por exemplo ou em virtude de alguma doença grave instalada previamente. Raramente é por queda.

O primeiro sintoma é a dificuldade de andar ou de se levantar. A pessoa até consegue caminhar por alguns metros com o colo fraturado, mas geralmente a perna aparece encurtada e há um deslocamento do pé para lateral.

Não são observados grandes hematomas no local quando ocorre uma fratura do colo do fêmur.

É importante saber o motivo da queda, se foi somente um desequilíbrio momentâneo ou se foi resultado de uma síncope (desmaio) causado por um AVC ou princípio de infarto, por exemplo.

Diagnóstico

Geralmente idosos com fratura de colo de fêmur não costumam apresentar uma reação exacerbada à dor, o que não quer dizer que não estejam sentindo muita dor.

Dessa forma, a abordagem deve ser sempre multidisciplinar, avaliando o quadro mas também sempre com medidas para diminuir a dor e o incômodo do paciente.

O exame de imagem mais solicitado para confirmar e avaliar fraturas de colo de fêmur é a radiografia do quadril. Quando há fratura de colo de fêmur, é possível observar uma região mais escura (radiolúcida) na região próxima da fratura.

Quando confirmada a fratura de colo do fêmur, outros exames como ressonância magnética, podem ser solicitados, sobretudo se é uma fratura complexa ou se há outras doenças associadas.

Prognóstico

Infelizmente, muitos idosos quando sofrem uma fratura do colo do fêmur nunca se recuperam, ficando extremamente debilitados e até acamados.

Já outros conseguem se recuperar e ter de volta uma vida produtiva. Tudo depende não só de como foi a fratura, mas também do estado de saúde do paciente antes da fratura.

Quanto mais debilitado o idoso estava antes da fratura, pior é o seu prognóstico.

Quando pensamos em números, a mortalidade é estimada em 24% até 12 meses após a fratura, com um número considerável desses pacientes não retornando ao estado funcional pré-fratura.

Em um ano de pós-operatório, menos de 50% dos sobreviventes podem andar ou realizar atividades diárias de forma independente.

Tratamento

Uma fratura de colo de fêmur é geralmente tratada com cirurgia, geralmente como regra.

O tratamento não-cirúrgico de fratura do colo do fêmur é geralmente utilizada somente para indivíduos mais jovens e mais ativos.

Em relação ao tratamento cirúrgico, esse pode variar entre consolidação da fratura, utilizando parafusos, por exemplo e a artroplasia do quadril, quando a estrutura do fêmur fraturado é substituída por uma prótese.

A grande vantagem da artroplasia do quadril é que ela permite a recuperação mais rápida, sendo indicada para grande maioria dos pacientes com fratura de colo de fêmur, uma vez que ela não depende da fratura consolidar e tem menor taxa de reoperação.

Cerca de 90% das cirurgias de artroplasia do quadril apresentam resultado excelente, com o paciente não sentindo dor e isso mantendo-se por 10 a 15 anos após a cirurgia.

As desvantagens são inerentes ao procedimento cirúrgico em si.

Não existe um limite de idade ou uma regra para quando se deve optar por artroplasia ou fixação da fratura, apenas o bom senso e a qualidade do osso do paciente bem como seu estado de saúde antes da fratura.

A fisioterapia entra como parte integrante do tratamento, pois é com a fisioterapia que o paciente que passou pela cirurgia conseguirá recuperar os movimentos.

A Importância Da Fisioterapia Para Pacientes Que Sofreram Fratura Do Colo Do Fêmur

Infelizmente, existe a probabilidade de uma nova fratura na região do fêmur. Esse dado é conhecido, sendo de 6 a 20 maior de uma nova fratura dentro do primeiro ano de recuperação.

Quando atua em hospital, o objetivo do profissional de fisioterapia é promover orientações em relação ao pós-cirúrgico, inclusive com técnicas respiratórias, transferências e tomadas de peso, mobilizações, treinos de equilíbrio e uso de muletas.

De fato, o objetivo da fisioterapia no tratamento pós-operatório de pacientes com fratura de colo de fêmur é aumentar a força muscular, melhorando a segurança e a eficiência do caminhar, resultando em maior independência do idoso.

Para isso, é importante que o profissional de fisioterapia conheça profundamente a história daquela doença, como dados sobre o tipo de fratura e qual material foi utilizado durante a cirurgia, uma vez que esses dados ajudam na condução do tratamento.

Quando se tem esse conhecimento, pode-se indicar a melhor conduta, o tempo de cada exercício e sessão, bem como a carga em cada membro e quais as restrições em movimentos devem ser seguidas.

A movimentação do paciente é muito importante, uma vez que isso quanto antes isso acontece, evita-se complicações severas da imobilização, como tromboses, por exemplo.

Outro fator importante a ser considerado é a capacidade cardiorrespiratória do paciente, já que a aptidão aeróbica pode ser desenvolvida nesse período, aumentando a função física do paciente e há estudos que mostram que quanto maior a aptidão cardiorrespiratória, melhor a capacidade de caminhada.

Exercícios de força também são bastante indicados, pois resultam em benefícios físicos e também cognitivos, melhorando a saúde geral do paciente pós-fratura.

Esse ganho de força muscular pode ser realizado tanto por pesos quanto por estimulação neuromuscular feita por aparelho, técnica que vem ganhando espaço, sobretudo para músculos inibidos.

O fortalecimento da musculatura abdutora e adutora do quadril aumenta a estabilidade látero-lateral durante caminhadas, o que influencia na melhora do equilíbrio dinâmico do paciente.

Em caso de pacientes que apresentam dor, a utilização de técnicas como laserterapia, correntes analgesicas e terapias manuais são indicadas para melhora do quadro de dor, uma vez que pacientes com dor não apresentam o mesmo rendimento nas sessões.

É possível notar que quando o paciente com fratura de colo de fêmur participa de sessões de fisioterapia tendem a recuperar sua função física e qualidade de vida mais rápido.

Exercícios De Fisioterapia Indicados

Não há uma regra absoluta de quais exercícios devem ser prescritos, uma vez que o tratamento fisioterápico deve ser sempre individualizado, respeitando as condições e história de cada paciente.

De maneira geral, diversas técnicas e modalidades terapêuticas podem ser utilizadas na recuperação de um paciente com fratura de colo de fêmur, dentre elas, fortalecimento, treino de propriocepção, treino de marcha, aparelho de estimulação motora e analgesia, dentre outras.

Estima-se que o paciente com fratura de fêmur tenha perda de 6% da massa magra no período de 1 ano, portanto, exercícios de fortalecimento e ganho de massa muscular são muito importantes.

Nos primeiros dias após a cirurgia, a descarga de peso varia de acordo com o procedimento realizado. Porém, já é indicado um trabalho de contrações isométricas para evitar ao máximo a perda importante de massa muscular.

Com o passar do tempo, contrações isocinéticas com utilização de aparelhos é interessante, pois há controle pelo paciente.

Enfim, exercícios envolvendo amplitude do movimento, força muscular e treino funcional e de equilíbrio, além de propriocepção são incluídos na fase quando a fratura já está bem consolidada, permitindo peso no membro afetado.

Alguns exemplos de exercícios que podem ser incluídos nessa fase do tratamento:

– Flexão do joelho com flexão do quadril (costas apoiadas o tempo todo);

– Abdução e adução;

– Dorsiflexão com flexão de quadril (sempre com costas apoiadas o tempo todo);

– Extensão de quadril com resistência (por exemplo, de mola, no Cadillac);

– Agachamento, com bola, preservando o ângulo de 90o nos joelhos;

– Flexão e extensão de joelho e quadril, com pés sobre bola.

– Lembrando que todo plano de tratamento deve ser sempre individualizado e sempre respeitando em que fase do tratamento aquele paciente está.

Referência

Carneiro, MB; Alves, DPL, Mercadante, MP. Fisioterapia no pós-operatório de fratura proximal do fêmur em idosos. Revisão de literatura. Acta Ortop Bras. [online]. 2013;21(3):175-8. Disponível em: http://www.scielo.br/aob

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