A espondilolistese é o deslocamento da vértebra da coluna vertebral em sentido anterior, posterior ou lateral em relação à vértebra abaixo. Com isso, pode haver pressionamento ou irritação da terminação nervosa, ocasionando dor em quem tem essa condição.
Essa condição geralmente ocorre na região lombar, mas pode também afetar a região cervical e torácica, sendo mais comum em adolescentes e adultos jovens. A região mais comum afetada é entre os níveis L5 e S1 da coluna vertebral.
Além de fatores genéticos, o risco de espondilolistese é aumentado em indivíduos que praticam, frequentemente, a hiperextensão e hiperflexão da coluna durante atividades, como em ginástica ou futebol.
O termo espondilolistese tem origem no idioma Grego, no qual spondilos significa vértebra e olisthesis, luxação. É uma condição que atinge cerca de 5% da população e cujo tratamento é geralmente conservador, embora haja casos nos quais a cirurgia seja necessária.
Embora seja mais comum em adolescentes e adultos jovens, há casos de espondilolistese que só são diagnosticados em idade adulta. Portanto, é importante saber os tipos e a classificação dessa patologia, bem como os recursos que podem ser empregados para seu tratamento.
A Coluna Vertebral
Essencial para nos mantermos de pé, a coluna vertebral sustenta todo nosso corpo e, graças a ela e diversos músculos e ossos, conseguimos realizar inúmeras atividades.
A coluna vertebral no ser humano é composta por 33 vértebras, dividida em algumas regiões: cervical, torácica, lombar, sacral e coccígea.
A região cervical possui 7 vértebras, a torácica 12, a lombar 5, a sacral 5 e a coccígea possui 4 vértebras fundidas formando o cóccix.
Os movimentos que a coluna vertebral permite realizar são a flexão, extensão, inclinação lateral e rotação.
Quando uma pessoa apresenta dor na região da coluna, é importante buscar um especialista e avaliar o paciente individualmente, para entender a causa da dor.
No caso da espondilolistese, com o escorregamento da vértebra, pode haver compressão das terminações nervosas e espasmo muscular, gerando um quadro de dor no paciente.
Dependendo da idade do paciente, essa condição clínica só é descoberta na idade adulta, pois muitos adolescentes convivem com quadros de dor na região sem terem um diagnóstico preciso do problema.
Além disso, com o passar do tempo, pode haver microtraumas ou desgaste das articulações.
Classificação E Tipos De Espondilolistese
De acordo com o grau de escorregamento, ou seja, do deslocamento da vértebra, a espondilolistese pode ter os seguintes graus ou estágios:
I: escorregamento da vértebra até 25%;
II: escorregamento de 25% a 50%;
III: escorregamento de 50% a 75%;
IV: escorregamento de 75% a 100%.
Além disso, podemos classificar o tipo de espondilolistese conforme sua causa aparente.
O tipo mais comum de espondilolistese é a ístmica, na qual ocorre uma lesão na porção interarticular, que por sua vez pode estar fraturada ou alongada. Uma das razões predisponentes é a cifose toracolombar.
Acredita-se que isso possa ocorrer em virtude de microfraturas e consolidações constantes nas vértebras, o que com o tempo, causam alteração da morfologia das vértebras, por isso ela é o tipo mais comum encontrado de espondilolistese.
Há também a espondilolistese congênita ou displásica, na qual ocorre uma anormalidade na formação do arco neural, permitindo o deslizamento da L5 sobre S1, com sintomas se desenvolvendo geralmente após os 8 anos de idade.
Outro tipo de espondilolistese é a degenerativa, que geralmente afeta mulheres acima de 40 anos de idade, devido à degeneração do disco intervertebral e instabilidade intersegmentar. Esse tipo pode ser mais comum com o surgimento de outras patologias, como artrites e com o envelhecimento, que pode levar ao desgaste do disco intervertebral.
Também há a espondilolistese traumática, que ocorre por fraturas agudas dos pares articulares e tem bom prognóstico com imobilização. Esse é o tipo na qual a cirurgia tem maior indicação.
E finalmente, a espondilolistese patológica ocorre em casos de metástases ou doenças reumáticas. No caso de algumas doenças que enfraquecem todo o segmento articular, como doença de Paget e sífilis, pode também acontecer espondilolistese.
Diagnóstico
O diagnóstico da espondilolistese é feito de maneira simples, por meio de um exame de radiografia de incidência lateral.
Outros exames de imagem, como ressonância magnética e tomografia computadorizada também podem ser utilizadas para maior visualização da área.
Sintomas De Espondilolistese
O primeiro e mais frequente sintoma é a dor, sendo essa a principal razão para a busca de tratamento pelo paciente ou seu responsável, em caso de pacientes adolescentes.
Porém, além da dor, outros sintomas também podem estar presentes, tais como:
– Formigamento nas pernas;
– Perda de força muscular nos membros inferiores;
– Espasmo muscular;
– Dificuldade de caminhar;
– Dor irradiada para posterior de perna (região do nervo ciático).
Tratamento
O tratamento da espondilolistese é geralmente conservador, sendo a primeira escolha em grande parte dos casos de espondilolistese. Porém, em algumas situações específicas, há indicação cirúrgica, devido à sua gravidade.
De fato, o tratamento cirúrgico é indicado nos casos de espondilolistese em que houve falha do tratamento conservador, ou em casos com mais de 50% de listese, além de lombalgias incapacitantes, com piora dos sinais neurológicos.
O objetivo do tratamento cirúrgico é a estabilização da coluna vertebral, com a descompressão das vértebras.
De acordo com Jassi et al. (2010) [1], até 80% da população pode apresentar dor lombar em algum momento da vida, porém a cirurgia só corresponde a 1% a 3% dos casos. O tratamento conservador não-cirúrgico da espondilolistese é o principal tratamento e deve ser a ação inicial na maioria dos casos de espondilolistese.
Espondilolistese – Cirurgia
Em casos de indicação cirúrgica, existem diversas técnicas que podem ser utilizadas, mas as técnicas minimamente invasivas ganharam bastante destaque, justamente por promoverem menos trauma aos tecidos e menor risco de infecção.
De maneira simples, a vértebra que desliza deve ser fixada e os nervos que estão sendo comprimidos deverão ser descomprimidos.
A fixação é realizada colocando hastes e parafusos de titânio, sempre que possível utilizando a técnica de artrodese minimamente invasiva de coluna lombossacra.
Na grande maioria dos casos, não é necessário recolocar a vértebra que desliza no lugar, mas sim fixá-la de modo que impeça que essa vértebra continue deslizando. Nos casos em que o deslizamento é muito grande, é necessário realizar o alinhamento da coluna.
A Importância Da Fisioterapia No Tratamento Da Espondilolistese
A grande maioria dos casos de espondilolistese tem como primeira opção o tratamento conservador, do qual a fisioterapia é parte principal.
A fisioterapia consegue reduzir quadros de dor, bem como promover o fortalecimento da musculatura da coluna vertebral e que a sustenta.
Dessa forma, com sessões de fisioterapia, o paciente que apresenta dor por compressão dos nervos e contração muscular devido à espondilolistese poderá ter seu quadro de dor sensivelmente reduzido, com melhora da postura.
Inicialmente uma detalhada avaliação deverá ser realizada. Esta avaliação envolve além de toda anamnese do paciente, testes específicos de irritabilidade dolorosa, além de testes de força muscular, reflexos e direção de preferencia do paciente em sua especificidade. A partir de então o melhor protocolo de tratamento será traçado respeitando a individualidade e os sintomas de cada individuo.
Para estabilização da coluna, incialmente são preconizados os músculos mais profundos da coluna, mas já precocemente são inseridos exercícios de fortalecimento global, sempre dando preferencia para as direções de conforto do paciente.
Em casos de dores agudas na região lombar, recursos terapêuticos como fisioterapia manual, eletroterapia e utilização de calor na região, podem ajudar a reduzir o quadro de dor.
Exercícios Indicados Para Pacientes Com Espondilolistese
Muitas pessoas acreditam que ter dor lombar a impossibilitam da prática de qualquer atividade física.
Mas hoje já se sabe que o sedentarismo piora consideravelmente os quadros de dores lombar. Com a perda da flexibilidade e massa muscular, além da falta de fortalecimento, a tendência é o indivíduo sentir cada vez mais dor na região lombar.
Portanto, a atividade física corretamente indicada e sob supervisão de um profissional capacitado é sempre uma boa alternativa.
O tratamento fisioterápico faz parte do chamado tratamento conservador da espondilolistese, uma vez que pode reduzir o quadro de dor, bem como realizar o fortalecimento da musculatura responsável pela sustentação da coluna.
Os exercícios, a princípio, podem ser realizados com o próprio peso do corpo do paciente. Tornado-se “fácil”, caneleiras podem ser utilizadas. Outros recursos interessantes são bola, elástico e faixas, para a realização dos exercícios específicos.
Conclusão
A espondilolistese é uma condição na qual há deslizamento de uma vértebra sobre a outra, podendo ser comum em adolescentes, porém muito encontrada em adultos jovens também.
A fisioterapia pode ser uma boa aliada em casos de espondilolistese, pois ajuda a aliviar quadros de dor, bem como, por meio dela, é possível realizar exercícios de fortalecimento da musculatura da coluna vertebral e membros inferiores, o que além de melhoras as condições dolorosas, previnem a evolução do escorregamento.
O tratamento conservador deve ser sempre a primeira opção para tratamento da espondilolistese, sendo a cirurgia indicada em casos mais severos de deslocamento da vértebra, com comprometimento importante dos movimentos.
A indicação cirúrgica pode ocorrer em alguns poucos casos, sempre com o objetivo da fixação da vértebra deslizante, impedindo que ela continue deslizando.
Ainda sobre alternativas de tratamento, entre os exercícios recomendados, exercícios de Pilates podem ser prescritos e acompanhados por um fisioterapeuta, uma vez que promovem melhora da mobilidade e da força muscular com melhora, inclusive do quadro de dor.
Referências
[1] Jassi, F. J. et al. Terapia manual no tratamento de espondilólise e espondilolistese: revisão de literatura. Fisioterapia e Pesquisa, São Paulo, v. 17, n. 4, p. 366-71, 2010.
[2] Oliveira, L. C. et al. O método Pilates no tratamento de espondilolistese traumática em L4-L5: estudo de caso. Fisioter. Mov., Curitiba, v. 26, n.3, p. 623-29, 2013.