A entorse é um movimento violento, com estiramento ou ruptura de ligamentos de uma articulação. A entorse de tornozelo é uma das lesões ortopédicas mais encontradas nos serviços médicos. No esporte, corresponde a 15% de todas elas.
O mecanismo de lesão habitual é a inversão associada a flexão plantar numa intensidade além do normal, movimento que costuma ocorrer ao pisar em uma superfície irregular ou descer degraus. Esse movimento traumático pode gerar uma lesão no ligamento talo-fibular anterior ou em casos mais graves também no calcâneo fibular.
As entorses de tornozelo são classificadas em:
Grau 1: estiramento ligamentar;
Grau 2: lesão ligamentar parcial;
Grau 3: lesão ligamentar total.
O paciente costuma apresentar dor intensa associada a edema e hematoma na região lateral do tornozelo, além de dificuldade para andar. Quanto mais grave a lesão, mais evidentes os sinais. Caso haja suspeita de fratura, se faz necessário o Raio X.
O tratamento é baseado em devolver o paciente o quanto antes para suas atividades de vida diária. Aplicações de gelo são extremamente benvindas, assim como elevação do membro e repouso nas primeiras 72hs. Estabilizadores como robofoot se fazem necessários nas primeiras duas semanas.
Na fisioterapia preconizamos inicialmente recursos analgésicos e antiinflamatórios e evoluímos com mobilizações, fortalecimento muscular de todo o membro inferior e exercícios proprioceptivos para devolver a estabilidade passiva e ativa do tornozelo.
Anatomia Articular do Tornozelo
A articulação do tornozelo é formada pela união dos ossos da perna – tíbia e fíbula – e o osso do talo, osso que faz parte do complexo do pé. Juntos, esses três ossos formam uma articulação sinovial que permite a flexão plantar e a dorsiflexão do pé. A flexão plantar é o movimento que descreve o apontar do pé para o chão. Dorsiflexão é o oposto da flexão plantar e envolve o movimento do pé para longe do chão puxando os dedos para cima.
Além de toda a parte óssea, o tornozelo é envolvido por grandes músculos e ligamentos que são responsáveis pela estabilidade ativa e passiva.
Músculos do Tornozelo
*Tríceps sural – popularmente conhecido como panturrilha ou batata da perna, é formado por três feixes musculares (gastrocnêmio medial, lateral e sóleo), responsável pelo movimento de flexão plantar, além de exercer importante influência nos joelhos.
*tibial anterior – localizado na frente da perna, é o músculo responsável pela dorsiflexão do pé.
*tibial posterior – importante sinergista no movimento de flexão plantar e também responsável pela inversão do tornozelo.
*extensor longo dos dedos: auxilia na dorsiflexão e responsável pela extensão do 2º ao 5º dedo.
*extensor longo do hálux: também auxilia na dorsiflexão do pé e é responsável pela extensão do 1º dedo (hálux).
*Flexor longo dos dedos: auxilia na flexão plantar e é responsável pela flexão do 2º ao 5º dedos.
*Flexor longo do hálux: auxilia na flexão plantar e é responsável pela flexão do 1º dedo (hálux).
*Fibular longo: auxilia na flexão plantar e eversão do tornozelo.
*Fibular curto: auxilia na flexão plantar e eversão do tornozelo.
*Fibular terceiro: auxilia na dorsiflexão e eversão do tornozelo.
Os músculos descritos acima compõem o complexo ativo do tornozelo, ou seja, são responsáveis pelos movimentos da articulação.
Os grandes responsáveis pela estabilidade passiva do tornozelo são os ligamentos que mantém o posicionamento articular principalmente quando estamos em movimento, os principais ligamentos são:
*Talofibular anterior
*Talofibular posterior
*Calcaneofibular
*Deltóide
Não podemos deixar nunca de citar a cápsula articular e também os músculos intrínsecos do pé, que são potentes estabilizadores também.
Pronto, após essa pincelada simples em anatomia, podemos começar a compreender a principal lesão que ocorre na articulação do tornozelo: a entorse!