O cisto de Baker, também chamado de cisto poplíteo, é uma lesão benigna bem comum que acomete o joelho de adultos.
Ele aparece como um caroço bem delimitado na região atrás do joelho, podendo ou não apresentar dor.
A região em que esse cisto aparece é entre o ventre medial de um músculo da região, denominado músculo gastrocnêmico e o tendão semi-membranoso.
De fato, esse cisto é causado por excesso de líquido sinovial (um líquido que lubrifica as articulações), que fica acumulado na região posterior do joelho.
O cisto de Baker acontece geralmente em pessoas que já possuem inflamações na região do joelho, causadas por doenças com artrite reumatoide, osteoartrose, dentre outras.
Seu diagnóstico não é difícil quando realizado por um profissional, devendo ser afastadas outras situações ou quadros clínicos que podem envolver a região, sobretudo quando dor, vermelhidão e calor estiverem presentes.
Fatores de Risco Para O Cisto de Baker
Embora esteja relacionado a alguma doença degenerativa já existente, como artrite ou artrose, portanto, afetando mais pessoas acima de 60 anos, o cisto de Baker também pode acometer jovens.
Em relação aos fatores de risco, podemos citar, além de doenças degenerativas já existentes, o sedentarismo e a obesidade, que fazem com que a região tenha dificuldade de eliminar o líquido sinovial produzido.
Além disso, pessoas com mais idade têm maior tendência a apresentar esse tipo de problema, bem como doenças degenerativas que também contribuem para a formação da lesão.
Outro fator citado em estudos sendo associado ao cisto de Baker são lesões no menisco, sobretudo no menisco medial.
De fato, esse tipo de lesão está presente em 82% dos casos, sendo associado também como consequência de osteoartrite.
O cisto poplíteo está presente em 5% da população adulta. Em crianças, é raro o aparecimento desse cisto.
Sintomas
Muitas pessoas têm cisto de Baker, mas ele é assintomático, portanto, a pessoa nem sabe que tem.
Essas pessoas acabam descobrindo que possuem a lesão em exames de rotina, ou porque sofrem outras lesões relacionadas ao joelho e em exames
Mas em outras pessoas, o cisto de Baker leva a sintomas, tais como:
- Inchaço na região posterior do joelho;
- Dor na região posterior do joelho;
- Sensação à palpação na região posterior do joelho, semelhante a balão com água;
- Dor ou rigidez durante ações como subir escadas.
Complicações
As complicações do cisto de Baker estão relacionadas ao seu rompimento ou quando seu volume fica muito grande.
Se acontecer o rompimento do cisto de Baker, o líquido que estava em seu interior se espalha pela musculatura adjacente da perna, pela panturrilha, causando inflamação e vermelhidão no local.
Outra complicação com a ruptura do cisto de Baker que pode dificultar o diagnóstico é a trombose venosa profunda.
De fato, a trombose venosa profunda pode ocorrer quando há dificuldade de circulação do sangue nos vasos da perna. Os sinais locais são inchaço, vermelhidão e aumento da temperatura local, que são sinais bastante comuns à ruptura do cisto.
Portanto, o diagnóstico diferencial, nesse caso, é bastante importante.
Diagnóstico
O diagnóstico de cisto de Baker é geralmente clínico, já que geralmente é uma lesão fácil de apalpar.
A maior dificuldade no diagnóstico do cisto de Baker é quando estão presentes outros sintomas que podem confundir com outras doenças, como trombose, por exemplo.
Para o diagnóstico do cisto de Baker, deita-se o paciente de barriga para baixo e faz-se a palpação da região posterior do joelho, com a perna flexionada em 90 graus.
Nessas condições, palpa-se uma massa arredondada, com aspecto gelatinoso, mas com bordas bem delimitadas.
Aproximadamente em 45 graus de flexão do joelho, o cisto normalmente não é palpável e esse fato é comumente utilizado para distinguir o cisto de Baker de outras massas sólidas como tumores, por exemplo.
Embora tenha seu diagnóstico eminentemente clínico, exames de imagem podem auxiliar no diagnóstico, embora não sejam essenciais.
Dentre os exames de imagem mais importantes, a ressonância nuclear magnética é bastante útil para diagnóstico de lesões associadas ao cisto, como por exemplo, tendinopatias.
Isso pode acontecer pois com o tempo convivendo com o cisto de Baker e sem saber que o tem, a pessoa pode alterar ligeiramente a maneira que pisa ou corre, sobrecarregando um pouco as estruturas no joelho.
Exames de ultrassom ou radiografias não são particularmente úteis para diagnóstico do cisto.
Em relação a diagnóstico diferencial, existem algumas lesões que podem confundir com o diagnóstico de cisto, em virtude da sua localização.
Lembrando que cistos benignos não apresentam invasão local e tem seu contorno bem definido.
Dentre essas lesões para diagnóstico diferencial, podemos citar fibrossarcoma, sarcoma sinovial e fibrohistiocitoma maligno.
Em casos de remoção cirúrgica do cisto, o exame anatomopatológico deve ser sempre realizado.
Para suspeita de tumores malignos, deve-se observar a localização, uma vez que a suspeita de lesões malignas sobe quando a lesão não apresenta localização típica ou quando ocorre recidiva do tumor apesar do tratamento cirúrgico ou ainda quando há crescimento muito rápido da lesão.
Por último, um fator importante a ser destacado é a desproporção entre o tamanho da lesão e os sintomas apresentados pelo paciente.
Tratamento
Para muitos pacientes, o cisto de Baker não requer tratamento e acaba desaparecendo sozinho.
Quando o paciente queixa-se de muitas dores, o tratamento pode ser instituído, com o objetivo de aliviar a região, realizando-se a drenagem.
Medicamentos como corticosteroides também podem ser administrados, mas sempre com prescrição médica.
Outras infiltrações utilizadas são de ácido hialurônico, sempre com indicação médica.
O tratamento deve buscar a causa do cisto de Baker, ou seja, qual doença ele está associado, uma vez que caso a doença de base não seja tratada adequadamente, o cisto pode reaparecer.
A medicina ortopédica e a fisioterapia devem andar juntas para tratar a doença de base que pode causar o cisto de Baker, melhorando a amplitude de movimento e o fortalecimento muscular da pessoa.
Com o tratamento adequado pra a doença de base causadora do cisto de Baker, é possível objetivar o reequilíbrio muscular, a melhora da absorção das cargas que passam pelo joelho e consequentemente melhora funcional desses indivíduos.
A cirurgia para remoção do cisto só é considerada quanto os tratamentos anteriores não apresentaram resultados satisfatórios.
Nesses casos, faz-se a resseção aberta do cisto, utilizando-se uma via de acesso local, dissecção do cisto e sua remoção, desde sua base.
Fecha-se para prevenir sua recorrência. A cirurgia também pode ser abordada de forma artroscópica.
De fato, o procedimento cirúrgico só é indicado para casos em que o cisto de Baker é muito grande e está comprimindo estruturas do joelho, não tendo tido respostas adequadas ao tratamento conservador.
No caso de crianças, é importante acalmar os pais que certamente ficarão ansiosos e preocupados com o aparecimento do cisto. A recidiva pós-cirúrgica no caso de crianças é de 40%, sendo considerada alta.
Já crianças tratadas de forma conservadora, apresentam remissão parcial ou até total do cisto na maioria dos casos, sendo esse o tratamento de escolha para pacientes infantis.
Como lidar com a dor do cisto de Baker?
Quando um paciente apresenta muita dor relacionada ao cisto de Baker, deve buscar atendimento médico ortopédico apropriado.
A prescrição de analgésicos e anti-inflamatórios deve ser sempre feita pelo médico ortopedista. A automedicação nunca é uma boa estratégia.
Conforme já descrito, muitas vezes, o que vai aliviar as dores causadas pelo cisto é a drenagem, uma vez que o excesso de líquido sinovial pressionando as estruturas é a razão para a dor.
Exercícios específicos de fisioterapia ajudam a aliviar crises de dor, uma vez que previnem futuras crises, com fortalecimento adequado.
Uma boa ação é colocar gelo na região do cisto e manter o gelo no local por pelo menos 30 minutos, fazendo a aplicação diversas vezes ao dia.
O gelo causa vasoconstrição, ou seja, diminui o inchaço e com isso, ajuda a melhorar a dor local.
Prevenção
Não existe como prevenir o surgimento do cisto de Baker, uma vez que seu surgimento está ligado a outras doenças degenerativas que afetam o joelho e levam a maior produção de líquido sinovial, que acaba acumulando atrás do joelho.
Portanto, se você tiver uma doença já preexistente no joelho, busque tratamento adequado, mantendo a musculatura do membro inferior fortalecida e uma vida ativa.
Quem tem cisto de Baker pode fazer academia?
Não há contraindicação de exercícios físicos para quem tem cisto de Baker. Muitas pessoas convivem perfeitamente com o problema e tem uma vida ativa.
Os procedimentos cirúrgicos só são indicados para quem tem lesões muito grandes e que causam diminuição da mobilidade.
O tratamento conservador é indicado e eficaz para lesões menores e para redução da dor.
Portanto, pacientes com cisto de Baker podem e devem ter uma vida com a prática regular de atividade física.
A importância da Fisioterapia
A fisioterapia é parceira e essencial no tratamento e na prevenção de ressurgimento do cisto de Baker, uma vez que consegue com exercícios apropriados e manobras analgésicas, reduzir a dor e o incômodo apresentado pelo paciente.
Assim, o médico ortopedista, quando faz o diagnóstico do cisto, certamente indicará sessões de fisioterapia para você, com o intuito de melhorar o fortalecimento local.
Assim, faça as sessões indicadas e siga o tratamento conservador correto.
Caso não apresente melhoras, retorne ao médico ortopedista para um feedback e mais exames.
Referência
DEMANGE, MK. Cisto de Baker. Revista Brasileira de Ortopedia, v. 46, n. 6, São Paulo, 2011.
In: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-36162011000600002