A fisioterapia pós fratura de cotovelo pode ajudar a recuperar os movimentos da articulação e a força do membro superior como um todo. Uma fratura de cotovelo pode diminuir a mobilidade do seu braço, ombro ou punhos, bem como limitar o trabalho, as funções domésticas ou atividades de lazer.
O maior problema causado pela fratura do cotovelo é a rigidez que limita a articulação. Portanto, a intervenção fisioterapêutica é indicada o mais precoce possível.
Seu fisioterapeuta então irá usar técnicas específicas para ganho de amplitude de movimento e força, é claro, respeitando as fases da fratura e as limitações específicas de cada caso.
O início precoce da terapia alcança não apenas resultados melhores, mas também mais rápidos.
Um dos principais objetivos da fisioterapia após uma fratura do cotovelo é restaurar a amplitude de movimento normal. O cotovelo é uma articulação simples que permite o movimento de flexão e extensão, além de pronação e supinação. A ausência ou diminuição desses movimentos pode implicar em restrições para simples atividades do dia a dia.
Após uma fratura do cotovelo, a dor e o inchaço podem limitar consideravelmente os movimentos do membro superior, em muitos casos o uso de tipóia é indicado para estabilizar a articulação e evitar complicações futuras. Nesta fase inicial, o fisioterapeuta preconiza a abordagem de articulações adjacentes como punho mão e ombro. Estes exercícios deverão ser realizados na clínica de fisioterapia e também serão orientados para casa.
Para a melhora da dor e do inchaço, alguns recursos podem ser utilizados como correntes analgésicas, laserterapia e o uso da crioterapia (gelo) várias vezes ao dia.
Se você estiver usando uma tipóia, seu fisioterapeuta também poderá ensinar a maneira correta de usá-la e garantir que ela se encaixe corretamente.
O tempo de tratamento, bem como os resultados alcançados variam muito de acordo com o tipo de fratura e o perfil do paciente. Idosos tendem a apresentar uma recuperação mais lenta devido a qualidade óssea e articular.
Contar sempre com seu médico e fisioterapeuta pode ajudá-lo a retornar com rapidez e segurança à atividade normal após uma fratura do cotovelo.
Se quiser se aprofundar no assunto, abaixo temos um detalhamento sobre anatomia e os diferentes tipos de fratura de cotovelo.
O cotovelo é formado pela articulação entre os ossos do braço e do antebraço. Essa articulação é classificada como gínglimo (sinovial), cujo funcionamento assemelha-se ao de uma dobradiça. Tal característica anatômica permite que o braço realize movimentos de extensão e flexão.
Entretanto, também é capaz de realizar movimentos de pronação e supinação.
Os ossos que compõe a articulação são o úmero (osso do braço) e o rádio e a ulna (ossos do antebraço).
É dividida em três. Uma articulação entre o úmero e a ulna (articulação umeroulnar), uma articulação entre o úmero e a cabeça do rádio (articulação radioumeral) e uma articulação entre o rádio e a ulna (articulação radioulnar proximal).
Todas essas articulações estão conectadas por uma cápsula articular bastante ampla e que se torna mais espessa nas laterais onde ganha características ligamentares que recebem o nome de ligamento colateral ulnar e ligamento colateral radial.
Os ligamentos do cotovelo são:
Ligamento colateral ulnar: é um feixe triangular que se origina do epicôndilo medial do úmero e caminha em direção ao olécrano.
Ligamento colateral radial: é menor e se origina do epicôndilo lateral do úmero se inserindo no ligamento anular do rádio.
Ligamento anular do rádio: É um forte feixe de fibras que envolve a cabeça do rádio, mantendo-a em contato com a incisura radial da ulna. Desta forma estabilizando a articulação e permitindo o movimento de deslizar do rádio em relação a ulna. Movimento fundamental no processo de supinação e pronação da mão.
Os ligamentos distais são: Ligamento radioulnar ventral e Ligamento radioulnar dorsal.
Os principais músculos que envolvem a articulação do cotovelo são:
Bíceps braquial: porção longa e porção curta; Contribuem para a flexão do cotovelo quando o antebraço está supinado.
Braquial: é o motor primário da flexão de cotovelo, sendo ele igualmente efetivo em qualquer posição do cotovelo.
Braquiorradial: quando o antebraço está em posição neutra, o músculo mais efetivo para a flexão de cotovelo é o braquiorradial.
Pronador redondo: quando a pronação é rápida e resistida, esse músculo auxilia o pronador quadrado na pronação do antebraço.
Tríceps braquial: porção longa, lateral e medial, responsável pela extensão do cotovelo.
Ânconeo: auxilia o tríceps na extensão do cotovelo.
Pronador quadrado: é o principal pronador do antebraço.
Pronador redondo: auxilia na pronação.
Supinador: principal supinador do antebraço.
Fraturas da extremidade distal do úmero
Segundo Volpon (2014), “As fraturas da extremidade distal do úmero são extremamente graves, principalmente por serem intra-articulares, numa articulação muito delicada. Há elevada incidência de seqüelas, independentemente do tipo de tratamento realizado. Quase todas são de tratamento cirúrgico, que deve ser realizado o mais precocemente possível, daí a importância do diagnóstico precoce”.
As fraturas do úmero distal são divididas em extra-articulares e intra-articulares, mas existem também as subdivisões: fraturas supracondilares, epicondilares, transcondilares, condilares, intercondilares, capitulares e trocleares (Placzek e Boyce, 2001).
1.1. Fraturas supracondilares
Também conhecidas como fraturas de Malgaigne são muito mais comuns nas crianças.
1.2. Fraturas epicondilares
As fraturas epicondilares podem acometer tanto epicôndilo medial quanto lateral, porém a proporção é maior para medial. As fraturas de epicôndilo lateral são mais raras e geralmente tratadas com imobilização breve seguida de exercícios de amplitude de movimento o mais precocemente possível (Placzek e Boyce, 2001).
As fraturas de epicôndilo medial são mais comuns, devido à proeminência óssea ser maior. Em adultos essa lesão é causada por trauma direto ou luxação de cotovelo, em adolescentes pode ocorrer a avulsão do epicôndilo A imobilização com antebraço pronado, punho e cotovelo fletidos por cerca de duas semanas é suficiente quando não ocorrem deslocamentos. Quando existe o deslocamento é possível manipular e mobilizar o membro de forma que ocorra a consolidação, porém a estética destes casos fica comprometida. Em casos de comprometimento nervoso, instabilidade articular ou não consolidação é realizada a cirurgia.
1.3. Fraturas transcondilares
São fraturas intra-articulares que acometem os dois côndilos, mais comum em idosos com ossos fracos. Possui o mesmo mecanismo das fraturas supracondilares. Fraturas com deslocamento mínimo ou incompletas são imobilizadas e as fraturas abertas, deslocadas ou instáveis recebem redução imediata com imobilização provisória para minimizar os riscos de lesão vascular ou nervosa até a cirurgia.
1.4. Fraturas condilares
São mais comuns nas crianças acometendo mais o côndilo lateral em relação ao medial. . O tratamento utilizado é geralmente cirurgico.
1.5. Fraturas intercondilares
Segundo Placzek e Boyce (2001),
“As fraturas intercondilares são as fraturas mais comum do úmero distal em adultos. Normalmente, elas são o resultado de forças dirigidas contra o aspecto posterior do cotovelo fletido, fazendo a ulna impactar a tróclea”.
O tratamento conservador está indicado apenas aos pacientes onde uma cirurgia não seria possível, idosos osteopênicos ou co-morbidades. Nesses casos é comum usar a imobilização com gesso ou tipóia.
1.6. Fraturas do capítulo
São raros os casos que não exigem cirurgia (imobilização por 3 semanas).
1.7. Fraturas da tróclea
Também são raros os casos que necessitam de cirurgia.
Fraturas da cabeça do rádio ou colo
O indivíduo relata queda sobre a mão com o braço espalmado apresentando dor incapacitante na porção lateral do cotovelo logo após o trauma (Nascimento et al, 2010).
As fraturas da cabeça do rádio podem se apresentar de forma isolada na cabeça do rádio, colo e no cotovelo lateral ou podem estar associadas a fraturas do úmero, antebraço e punho.
O tratamento pode ser conservador ou cirúrgico, dependendo do tipo da lesão.
Fratura do olécrano
Dentre os mecanismos de lesão podem ser citados a queda para trás sobre o cotovelo e a flexão passiva do cotovelo combinada a uma força de contração súbita e poderosa do tríceps, resultando em avulsão do olécrano (Dutton, 2008).
As fraturas, que não promovem o deslocamento de parte óssea, são tratadas com imobilização de cotovelo a 90º por cerca de seis semanas. Os exercícios começam em dois ou três dias, pronação e supinação, e duas semanas após podem ser realizadas flexão e extensão em ADM reduzidas, flexão total apenas depois de dois meses e exercícios resistidos em até três meses após a consolidação. As fraturas que promovem deslocamento ósseo requerem processo cirúrgico para reparo, nesses casos o tratamento depende do tipo de cirurgia e do tempo de imobilização do membro adequando os exercícios de reabilitação de acordo com o quadro do indivíduo (Nascimento et al, 2010).
Fratura do processo coronóide
“As fraturas do processo coronóide são geralmente associadas a lesões complexas do cotovelo e são freqüentemente relacionadas à instabilidade deste. O mecanismo da lesão inclui trauma em extensão, geralmente quedas sobre o membro (Dutton, 2008).
O tratamento é basicamente cirúrgico (reposicionamento e fixação interna). É realizada a imobilização por tala gessada por cerca de dez dias onde é iniciada a reabilitação. A principal complicação deste tipo de fratura é a rigidez articular pós cirúrgica.
Fratura de Monteggia
“Consiste em fratura da ulna associada a uma luxação da cabeça do rádio”.
Embora seja uma lesão relativamente rara, pode apresentar complicações graves incluindo danos nos nervos radial e ulnar (Dutton, 2008).
O tratamento para as fraturas de Monteggia pode ser conservador, principalmente em crianças, porém em adultos costuma ser cirúrgico. Alguns fatores contribuem para uma boa evolução do paciente entre eles (Placzek e Boyce, 2001).
Diagnóstico precoce;
A imobilização em aparelho de gesso na posição apropriada durante cerca de seis semanas;
A intervenção cirúrgica com fixação interna do osso fraturado e o reposicionamento da luxação.
Fratura de Galeazzi
De acordo com Schwartsmann et al (2003), “Consiste em fratura do rádio na junção dos terços proximal e médio com luxação ou subluxação da articulação radiulnar distal”.
O tratamento tornou-se essencialmente cirúrgico com redução aberta e fixação interna utilizando placas e parafusos. Dependendo da perda de substancia óssea será necessário o enxerto ósseo, porém só será realizado esse procedimento quando não houver mais qualquer risco de infecção, após o controle de danos com uso de fixador externo (Placzek e Boyce, 2001).